Mulheres no Limite

O papel da mulher moderna determinado pela sociedade é que ela deve ser boa profissional, mãe dedicada, esposa-amante e ainda eternamente bela. Não é exigência demais?
Durante muito tempo, as mulheres brigaram pela igualdade com os homens. Essa foi uma formulação totalmente equivocada, que comprometeu muito a vida da mulher, a família e, consequentemente, a sociedade. O correto teria sido a luta pela igualdade de direitos civis, sociais, e pela valorização do potencial feminino no desenvolvimento de toda a sociedade nas suas mais diferentes áreas.No momento em que a mulher conquista seu espaço no mercado e esconde que a vida familiar dá trabalho e que necessita muito do seu tempo, ela oculta que a vida familiar prejudica o desempenho profissional, ou que a vida profissional prejudique a desempenho familiar.Aos olhos da sociedade, a luta pela igualdade de direitos foi inevitável. Mas, aos olhos de Deus, tal conquista poderia ser diferente. A mulher conquistou muito. Isso é inegável. Todavia, não administrou, não negociou, assumiu tudo e transformou-se em “Mulher maravilha”. Com tantas coisas maravilhosas e imensas oportunidades que pairam sobre nós desde então, devemos encarar a dura realidade de um contingente enorme de mulheres exaustas, frustradas, estressadas, esgotadas emocionalmente e doentes.É por isso que os erros cometidos durante a conquista do nosso espaço social necessitam hoje ser consertados.1. Não podemos continuar caminhando para a destruição familiar e, consequentemente, social, como já estamos. Caso contrário, a mulher não deveria buscar construir uma família.As mulheres sonham com seu príncipe “encantado”, com lindos filhos, uma bela casa e uma bela conta bancária. Muitas delas quando se casam não querem cuidar do marido, dos afazeres de um lar e muito menos “perder tempo” cuidando de filhos. Todas as mulheres que procuram constituir família vão deparar-se com a realidade do ofício de esposa e mãe, que soa inevitável para a edificação de um lar. É assim que a Bíblia nos ensina: “A mulher sábia edifica a sua casa, mas a tola com as suas próprias mãos a destrói” (Pv 14:1)2. Nossa luta deve ser na busca de mudanças e reorganização das leis sociais, seus horários e a mais valia existente sobre a mulher até hoje.Os setores educacionais deveriam passar por uma reengenharia. Mulheres deveriam trabalhar somente durante o período em que suas crianças estivessem em sala de aula. As instituições educacionais não atentaram para o fato de que suas crianças não têm mais sua mãe disponível 24 horas. Por isso, a iniciativa da reengenharia do tempo é necessária para as mulheres que habitam em família.Os filhos das classes média e alta passam o dia em frente a televisão, entretidos em games ou internet. A classe baixa, nas ruas e na casa dos vizinhos. Recentemente, li um artigo de um jornal inglês que declarava: uma em cada cinco crianças na Grã-Bretanha é delinqüente.A sociedade americana amarga a dura realidade de filhos órfãos com pais vivos. Filhos cheios de revoltas, destruidores dos seus próprios sonhos que não optam mais pelo caminho do sucesso, mas somente por extravasar as angústias e depressões e solidões adquiridas por um contexto familiar totalmente desequilibrado. Tudo isso é uma indicação clara de que algo não está funcionando. Suspeito que seja um tempo mal trabalhado, que não deixa sobrar espaço nenhum para os filhos. A jornada de trabalho de oito horas ou mais é completamente prejudicial para uma mulher que tem família. A maioria da mão de obra feminina é absorvida pelo comércio e a indústria, cujo ritmo de trabalho e horas de trabalho tem suas fundamentações na revolução industrial do século XIX.Se a era virtual revoluciona o tempo e o espaço, existe uma possibilidade real de se pensar no uso de toda essa inovação tecnológica para reorganizar a sociedade, em benefício da família. Isso só vai ser possível quando o tema constar no coração das mulheres e na agenda política das sociedades que se importam com seu próprio bem-estar.Se as mulheres não disponibilizam de tempo necessário para a família, como já é comprovado, aparecem as tragédias de gravidez precoce de adolescentes, filhos drogados, depressivos, insubmissos, homossexualismo, crises domésticas e divórcios. Alguém já viu esta novela?Quero deixar claro que não estou responsabilizando unicamente as mulheres por isso. Não são apenas as mulheres que estão precisando de tempo, mas toda a família. Todavia, parte do papel de equilíbrio de um lar encontra-se grandemente nas mãos das mulheres. O que isso significa no reino do Espírito?Toda essa desordem é o resultado da influência do espírito deste mundo sobre a família. As mulheres vestiram o figurino do homem: assumiram responsabilidades e tarefas deles, adotaram comportamentos masculinizados em nome de uma conquista. Do ponto de vista bíblico, isso é quebra de princípios divinos de ordem da criação e da família.Devemos ser conscientes que o reino do espírito age diretamente de acordo com os princípios vividos ou não nas nossas vidas, nossas famílias, e sobre todas as áreas da nossa sociedade nesta terra.Onde temos chegado?Todo este processo de conquista e luta tem gerado resultados positivos e negativos.No entanto, a falta de conhecimento espiritual, o espírito deste mundo, leva a mulher a um desequilíbrio e confusão do desenvolvimento do seu papel no seio familiar.A “Mulher Maravilha” agora responsável por tudo, já não quer mais se submeter a um marido que ganha menos que ela. Não o considera como chefe do lar, disputa a liderança com o mesmo, não se permite ser auxiliadora idônea e já não aceita facilmente os ofícios de mãe e de esposa.Esta mulher moderna já não admite ser a parte mais frágil do relacionamento (quando fragilidade não quer dizer fraqueza). Ela agora é uma profissional que luta apenas pela conquista do seu espaço no mercado de trabalho e realização profissional e pessoal, já não precisa mais de um alguém que a “sustente”. O referencial de homem e marido não tem mais tanto peso no seu coração.Toda ação produz uma reação. O efeito disso sobre muitos homens tem as mais variadas conseqüências: Homens que passaram a ver mulher apenas como objeto sexual; Liderança masculina fragilizada dentro dos lares; Homens que buscam outros relacionamentos fora do casamento por se sentirem frustrados com a falta de cumplicidade conjugal. Ele no dever de amar sua esposa, como deveria e não consegue, e ela de honrar e se submeter ao marido, como estabelece o principio bíblico. A mulher moderna acha que isso não é mais cabível, pois ela é um “ser pensante”.Em um dos congressos para mulheres que ministrei nos Estados Unidos sobre este assunto, atendi uma jovem senhora que me expôs suas frustrações de ter tentado ser a tal “mulher moderna ou mulher maravilha”. Ela contou-me da frustração familiar que vivia hoje em sua quase meia idade, quando por descaso com o marido e com os filhos, apenas preocupou-se com sua ascensão social, colocando em último plano a vida familiar. Hoje bem posicionada socialmente, não tinha em seus olhos o brilho da alegria de ter uma família feliz. Tudo isto porque violou os códigos de ética da família estabelecidos pelo próprio Criador da família, o Senhor nosso Deus.Precisamos recuperar a simplicidade e nosso lugar dado por Deus na sociedade. A mulher de Deus, sábia e inteligente, está dedicando-se ao trabalho e suprimindo o tempo para a vida privada em família. Há uma necessidade de recuperar as coisas simples da vida e o nosso verdadeiro papel, e não apenas trabalhar e ganhar mais dinheiro. Estamos perdendo um tempo caro da nossa vida em troco do quê? São inquietações que deveríamos estar vivendo. As pessoas no mundo inteiro estão sofrendo uma pressão terrível para ganhar muito, consumir muito mais e isso vai junto com o sacrifício de vários outros valores que deveriam ser inegociáveis.É tempo de voltarmos nossos olhos para Deus. Voltarmos às veredas antigas, andarmos no conselho dos sábios e vivermos plenamente aquilo que Deus projetou para nós. É tempo de temer a Deus. A mulher que teme a Deus, que anda em Seus conselhos, será honrada.
Bispa Ester Amazonas-Site MIR